sábado, 20 de abril de 2013

Resenha: "A Morte do Demônio"

>>> Clique no pôster para assistir ao trailer.
Vi muita gente por aí reclamando do tom mais sério adotado no "remake" de Evil Dead. Provavelmente, foram as mesmas pessoas desmioladas que adoraram a piada de mau gosto que foi o terrível Army of Darkness. Acho que ser tratada com mais seriedade era justamente o que faltava para a franquia.
Na trama supervisionada pela trinca de produtores Sam Raimi (diretor e roteirista da trilogia original), Rob Tapert (o produtor da trilogia original) e Bruce Campbell (o Ash), conduzida pelo diretor uruguaio Fede Alvarez a partir do roteiro reescrito pela Diablo Cody (Juno, Jennifer's Body) com base na história co-desenvolvida por Rodo Sayagues e o próprio Alvarez, acompanhamos, novamente, cinco jovens que se reúnem numa cabana abandonada no meio do mato e, depois que palavras do Livro dos Mortos encontrado no porão do lugar são proferidas, um por um, eles são possuídos por uma entidade demoníaca.
Mia (Jane Levy) é a protagonista do filme, uma dependente química que, com a ajuda de amigos e do irmão mais velho, David (Shiloh Fernandez) busca a reabilitação na antiga cabana da família. Ela é a primeira a sucumbir ao poder do mal e, de início, os sinais de possessão acabam sendo confundidos com sintomas de abstinência pela "especialista" do grupo, a enfermeira Olivia (Jessica Lucas), ex-interesse romântico de David. A situação se agrava e Eric (Lou Taylor Pucci), que passou um bom tempo folheando o Livro dos Mortos, conclui que é aquele artefato, impossível de ser incinerado, cuja capa é feita de pele humana e escrito em sangue, o responsável por todos os horrores que aconteceram.
A nova produção recicla e faz referência a vários elementos dos filmes anteriores. Há muitas cenas que farão os fãs esboçarem um sorriso enquanto os leigos se contorcem de nervosimo na poltrona. Aliás, cenas carregadas de tensão não faltam nesse filme, juntas com coisas grotescas e muito sangue - um exemplo é a sequência de autodesmembramento (!) envolvendo uma faca elétrica (!) pela qual passa a personagem Natalie (Elizabeth Blackmore), namorada de David. E prepare-se para levar um susto a todo momento, desde a vinheta da Ghost House Pictures até os minutos finais do filme.
No geral, o saldo é positivo. Não é nenhuma obra-prima, mas é muito bom. Definitivamente, esse... melhor apropriado dizer reboot está bem acima da média do que está sendo feito dentro do gênero. Nos EUA, onde o lançamento ocorreu com duas semanas de diferença, o filme arrecadou US$ 26 milhões no primeiro final de semana, superando com folga o valor de custo, US$ 17 milhões. Bem-sucedido, mesmo com suas cenas explícitas e censura adulta, espero que o novo A Morte do Demônio venha desencadear uma nova tendência no mercado cinematográfico de terror contemporâneo.

Mais informações:
  • É o primeiro longa-metragem de Fede Alvarez. O uruguaio despontou com o curta ¡Ataque de Pánico! em 2009 e foi convidado por Sam Raimi para dirigir o novo Evil Dead.
  • A trama é ambientada no estado de Michigan, EUA, porém as gravações do filme aconteceram numa região litorânea da Nova Zelândia;
  • Durante os créditos são exibidos trechos de áudio do filme original, em que o personagem Raymond Knowby (Bob Dorian) narra sua descoberta a respeito do Livro dos Mortos;
  • A história de Mia não termina por aqui. Uma continuação já foi anunciada e está em pré-produção;
  • Por incrível que pareça, a história de Ash também não acabou. O personagem de Bruce Campbell voltará em Army of Darkness 2. Sam Raimi está escrevendo o filme e talvez dirigirá. Quem ficou até o final do créditos pode conferir uma espécie de aperitivo;
  • Existem planos para um filme (provavelmente, o sétimo da franquia) que convergirá as linhas narrativas de Mia e Ash;
  • O Livro dos Mortos (Book of the Dead) também é conhecido por Naturom Demonto e Necronomicon;
  • Estreia nos EUA: 5/4/2013. Brasil: 19/4/2013.
A franquia Evil Dead:
  • 1981 - The Evil Dead (A Morte do Demônio - Uma Noite Alucinante)
  • 1987 - Evil Dead 2 (Uma Noite Alucinante 2)
  • 1992 - Army of Darkness (Uma Noite Alucinante 3)
  • 2013 - Evil Dead (A Morte do Demônio)
  • ???? - Evil Dead 2
  • ???? - Army of Darkness 2
  • ???? - The Evil Dead 7

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Resenha: "The Loved Ones"

Cansei de filmes de terror medíocres e água com açúcar - infelizmente, o que mais tem pra assistir hoje em dia. Por isso foi tão recompensador encontrar essa pérola em meio a tanto lixo.
The Loved Ones, filme australiano de baixo orçamento lançado originalmente em 2009, é o que, no mínimo, todo filme de terror deveria ser: assustador! E, garanto, vai demorar para tirá-lo da sua mente.
Logo no início, nos deparamos com um acidente de carro envolvendo o protagonista Brent (Xavier Samuels) e seu pai. Seis meses se passam. Voltamos a encontrar Brent, agora um adolescente traumatizado, com um enorme sentimento de culpa, pois era ele quem dirigia o veículo no fatídico evento que ceifou a vida do próprio pai. Como forma de autopunicão ele resolve usar por debaixo da camiseta uma lâmina pendurada no pescoço que vai cortando-o lentamente. Ironicamente, é essa mesma lâmina que o salvará numa situação futura.
Apesar de possuir namorada, uma colega o convida para o baile do colégio que aconteceria naquela noite. Ele declina o convite, educadamente. Mas a tal garota, Lola (Robin McLeavy), não é do tipo que aceita facilmente uma rejeição; não conseguir o que quer não é uma alternativa. Para sua sorte, Lola possui um pai (John Brumpton) tão perturbado quanto ela e que faz todas as suas vontades, como sequestrar Brent. O que se segue são cenas de pura agonia e sadismo, onde fica evidente a forte influência de O Massacre da Serra Elétrica.
Interessante notar como em boa parte do filme a narrativa se divide para acompanhar três núcleos de personagens diferentes e, consequentemente, se divide em três gêneros (comédia, drama e terror), mas tudo é tão bem conduzido (ponto para o roteiro!) que o resultado é positivo e acaba tornando a experiência ainda mais dinâmica e envolvente.
Parabéns ao diretor e roteirista Sean Byrne, que soube extrair e captar atuações tão convincentes de todo o elenco e orquestrar diversas reviravoltas na construção da história. Egresso de curtas e documentários, The Loved Ones foi seu primeiro longa-metragem. Aguardo anciosamente seu próximo trabalho. Que venha outro clássico contemporâneo!
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